Texto e Fotografia de Ricardo Salvo

Começou com um desafio à mesa numa refeição. “Vamos fotografar os Picos da Europa. Vamos começar a estudar agendas”. Em junho deste ano, fizémo-nos à estrada a partir de Lisboa para fazer os 900 quilómetros que nos separavam das mais altas montanhas do norte de Espanha.

Muito ficou por fazer, mas fica a esperança de que a curta distância dê alento à continuação desta expedição de mochilas carregadas de equipamento fotográfico pelas montanhas.

Ponto alto da viagem (literal e emocionalmente): passar a noite e ver nascer o sol em Áliva, a 1800 metros de altitude, no isolamento civilizacional. Aqui se encontra um vale envolto em alta montanha rochosa e no seu estado mais puro, onde os vestígios do Homem se resumem a uma ermida, um hotel de refúgio de montanha e um chalé, tudo isto perdido numa imensidão de verde e cinzento apenas acessível ao mais corajoso montanhista ou a quem tenha acesso aos mais ousados veículos todo-o-terreno.

A forma como os primeiros raios de sol pela manhã batem no cimo da montanha proporcionam um autêntico banquete visual, num deslumbre que o evoluir da luz faz mudar a todo o minuto, num cenário salpicado pelos pontos de neve permanente que malham de branco os declives rochosos.

Antes disso, a não desejada lua cheia dessa noite “estraga” um céu que poderia ser de estrelas infinitas, mas que ainda assim permite um cenário estrelado de pasmar.

Em altitudes mais baixas, as aldeias, os prados, os rios e as paisagens de cortar a respiração são um mundo infinito de oportunidades para quem gosta de fotografar, repleto de desafios ao olhar, onde se enaltece o de transformar o provável e imprevisível nevoeiro junto aos lagos de Covadonga em boas imagens.

A expedição não termina aqui. O punhado de fotos que vieram deste Verão dos Picos da Europa são o começo de um dossiê fotográfico eterno que aguarda uma nova viagem, e mais uma, e mais uma…

É assim a paixão de fotografar.