Ligado ao Mar: Klemens
Texto e fotografia de Rui Melo
Um barco encalhado, uma praia rochosa e um mar revolto. estes são os ingredientes que levaram ao surgimento do icone aqui retratado no seu lento mas imparável processo de decadência. Para muitos um estorvo e uma ameaça; para mim e outros como eu, uma poderosa fonte de inspiração. Klemens o rebocador holandês. Esta é a versão estendida da exposição que esteve patente em Set 2014 na BUS.
Factos
Grande controvérsia rodeia esta embarcação que na noite de 12 de Dezembro de 1996, encalhou na pedra do Patacho, Vila Nova de Milfontes em pleno Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
A controvérsia surge cedo, logo na descrição da rota: algumas fontes revelam que fazia a viagem entre a Holanda e Portimão; outras fontes que o fazia em sentido contrário. Certo é que o fazia com 4 tripulantes, resgatados a nado a partir da praia. A posição final do Klemens é fruto da força e perseverança do Mar, e da burocracia que aparentemente impediu que o navio fosse removido.
Emoções
Conhecemo-nos em 2011 e esta exposição é uma pequena seleção de imagens que desde então tenho vindo a captar. Singelas tentativas de transpor a textura e cor de toda aquela ferrugem e metal contorcido; formas de manter vivas na minha memória o som das vagas a fustigar o casco, dos calhaus a rolar na espuma. Respeito e medo são os sentimentos que recordo quando ainda de noite, numa manhã de maré cheia, sentia a espuma das ondas a envolver as pernas. Fascínio, quando os primeiros raios de sol bateram naquele casco, e o transformaram de um navio fantasma, numa luxuriante escultura pacientemente criada pelo mar. Sei que as minhas imagens nunca serão capazes de fazer justiça à realidade ou às emoções sentidas por ali estar; ainda assim, aqui fica uma despretensiosa homenagem.
Mais sobre este projecto
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Autor
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BioCom uma paixão latente pela fotografia desde muito cedo, foi a partir de 2009 que iniciei um esforço mais consolidado na fotografia de paisagem que persigo até hoje. Amante incondicional do mundo analógico, foi com a criação de um pequeno laboratório e a utilização de uma máquina de médio formato, que compreendi a profundidade do tema e o valor de cada imagem, fazendo assim com que cada disparo conte. A esta arte volto sempre que o tempo me permite pois aqui mais do que em qualquer outro lugar, gosto de fazer as coisas com tempo e apreciar cada momento.
Atualmente invisto a maior parte do tempo ao mundo digital na procuro de imagens alternativas de locais já conhecidos de muitos. Não gosto de imagens fáceis e tento colocar emoções nas imagens que faço. Ás vezes consigo. -
Experiências Primeira LuzSerra de Aire (Mar.2013)
Um trabalho espectacular. Parabéns ao autor, gosto muito
Muito bom. Parabens. PS: Esteé também um tema que me atrai para as m fotos